Caros leitores, digníssimas leitoras,
No setor automotivo, de tempos em tempos acontecem movimentações que mudam o “status quo” do mercado. E o que percebemos no atual momento é que estamos presenciando uma invasão de carros chineses no mercado automotivo brasileiro.
É importante mencionar é que o prazo de maturação (de aceitação) de novas marcas está diminuindo de forma exponencial! Por exemplo, nos anos 1970-80, existia uma aversão muito grande quando falávamos de marcas japonesas (Honda e Toyota). Hoje, elas são top of mind do setor. O mesmo vale para as marcas coreanas, que começaram a operar por aqui no final dos anos 1990/começo de 2000. Hoje, por exemplo, temos a Hyundai como a quinta marca mais vendida do país – e uma das mais cobiçadas!
Essa diminuição nos “ciclos de aceitação” de novas marcas foi extremamente benéfica para as novas entrantes, em especial as que vieram da China. É lógico que, como em todo início, tivemos um monte de marcas tentando desbravar o mercado. Mas só poucas viraram. Das marcas chinesas que naufragaram no mercado brasileiro tivemos: Geely, Lifan, Dongfeng e a preferida do estagiário (com mentalidade de quinta série), a Chana Motors, depois renomeada para Changan.
Mas a nova leva de carros chineses se consolidou com o toque de Midas do grupo Caoa, formando a joint-venture Caoa-Chery, na qual os produtos “chineses” eletrificados e de maior ticket médio abriram uma nova dinâmica.
E aqui entra o nosso enfoque!
As duas novas marcas chinesas no mercado brasileiro são a BYD e a GWM. E elas estão vindo com o conceito de carro eletrificado, veículos de alto valor agregado (e completos) e uma nova relação/modelo de como comercializar seus veículos! Neste contexto, vamos ilustrar a nossa tese com a GWM.
A GWM e a BYD são as mais novas “novidades” do setor. A GWM está finalizando o seu terceiro mês completo de vendas. E, mesmo com pouco tempo de vida no mercado brasileiro, já alcançou grandes façanhas. Até o dia 27 deste mês de julho, a GWM já vendeu quase 700 carros, tornando-a a 16º marca mais vendida do país. Ela vendeu mais carros que marcas como Ram (a queridinha dos “agroboys”), Volvo, Land Rover e Audi, por exemplo. Todos os produtos da GWM são eletrificados. Eles já vêm com todos os “paranauês” que os SUVs da categoria pedem. E os carros estão precificados entre R$ 214 mil a R$ 315 mil.
O que Oswaldo Ramos, CCO da GWM Brasil, falou para nós é que “o sucesso nas vendas se deu porque a GWM é uma marca feita por brasileiros para o consumidor brasileiro, com tecnologia de ponta que vem de sua matriz na China. Foram esses brasileiros que ajudaram a desenvolver um produto que revolucionou o mercado, aliado a uma nova forma de venda e de marketing, com uma cobertura em 100% do território nacional e uma linha de comunicação arrojada, além de uma experiente rede de concessionárias”.
Da fala do Osvaldinho tem dois pontos que concordamos – e louvamos. O primeiro é na parte do produto. Hoje, a GWM possui um único produto (HAVAL H6) em três versões e, em breve, mais um (ORA 03). São produtos que foram adequados à realidade brasileira e, acima de tudo (independente dos valores), foram precificados da forma correta! Outro ponto chave que adoramos foi onde foi alocada a rede de concessionárias.
Caro leitor, digníssima leitora, pergunto-lhes: quando você quer comprar um sapato, bolsa, calça, onde pensa em comprar esses itens? Eu diria que resposta da maioria de vocês seria “num shopping center”. Correto, né? Então por que você não aproveita sua ida ao shopping e já vai conhecer o novo carro da marca? E são mais de 30 pontos de vendas em shopping centers espalhados pelo país, tipo esse:
Neste ponto, acredito que a forma de como se mostrar para o consumidor (público-alvo) foi mais do que certeira! Ainda mais considerando o fluxo de pessoas num shopping center de segunda a segunda, maior do que em uma concessionária tradicional de rua (que a marca também tem).
O sucesso da marca e das outras chinesas se traduz em números: quando eu falo sobre a venda de carro eletrificado, atualmente 30% está nas mãos de marcas como Caoa-Chery, GWM e BYD. Se pegarmos apenas os últimos 90 dias, quando a BYD e GWM entraram efetivamente no mercado, esse percentual chega a quase 40%.
Hoje, quase 2% de todos os carros vendidos são de marcas de origem chinesa.
O ponto central que ainda estamos tentando verificar é se o sucesso destas marcas está mais atrelado àquele público do tipo “Early adopters” ou se estão vindo e se consolidando de vez. Mas isso só o tempo irá nos dizer. Particularmente, o estagiário acredita na segunda hipótese. Afinal de contas, desembolsar R$ 250 mil para testar e adquirir novas tecnologias e produtos antes de elas serem massificadas é um pouco além da mentalidade (e da bolsa auxílio) deste vil estagiário!
Enfim, estamos vivenciando uma invasão vermelha no mercado automotivo. Mas, desta vez, não com produtos de procedência duvidosa, mas com qualidade de desbancar as mais tradicionais marcas.
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