Marca japonesa Takata apresenta problemas que podem atingir quase 2,5 milhões de veículos no Brasil. Secretaria Nacional de Trânsito mostra como checar se carro precisa de recall, basta ter em mãos número do chassi ou placa. Airbag aberto, em imagem de arquivo
Divulgação
Você sabe se o seu carro é um dos quase 2,5 milhões circulando no país com airbags defeituosos ?Para descobrir, a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) disponibilizou um site para que os donos de veículos com airbag da marca japonesa Takata chequem se é preciso fazer recall.
O recall é grátis
Não há prazo de validade para o recall
Carros mais velhos podem ser consertados a qualquer momento
Tenha em mãos o número do chassi ou a placa para descobrir se o airbag precisa ser trocado
Carros que não fizerem o recall em um ano após o chamamento não terão licenciamento
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Segundo a Senatran, a responsabilidade pelo chamamento para recall é das montadoras que devem promover campanhas para alertar os donos de veículos. No Brasil, mais de 5 milhões de carros foram chamados para trocar a peça com defeito, mas só metade dos condutores levou o carro para revisão.
Outros países passam pelo mesmo problema, o que faz com esse recall seja considerado o maior da história da indústria automobilística.
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Airbags com problemas
Os equipamentos com problemas são da marca japonesa Takata e foram utilizados em carros fabricados por 17 montadoras entre os anos de 2001 e 2018. Sete pessoas morreram no Brasil por conta da explosão do airbag.
Para inflar o airbag, quando acionado, a Takata utilizava um composto químico chamado nitrato de amônio. Ao longo dos anos, e em contato com calor e umidade, o composto se torna altamente explosivo, além de poder corroer partes metálicas do equipamento.
Em entrevista ao Fantástico do último domingo (25) , o perito em trânsito Rodolpho da Hora disse que no momento em que o airbag infla, são projetadas partes do equipamento para a parte interna do carro.
“Essa bolsa de airbag abre a cerca de 320 km/h. Então, juntando uma explosão muito forte, com uma peça fragilizada (pelo composto químico), esses fragmentos, que estão a menos de um metro do motorista, saem como se fosse um tiro a queima roupa”, diz Rodolpho da Hora.
A Takata faliu quatro anos depois que o problema foi descoberto. A empresa japonesa se declarou culpada e teve que pagar uma multa que passou de 1 bilhão de dólares nos Estados Unidos, país em que mais de 20 milhões de carros com airbags defeituosos foram vendidos, segundo a agência federal de segurança automobilística do país.
Vítimas no Brasil
“Se não fosse essa falha nesse airbag, meu marido estaria aqui”, diz mulher de vítima
Em abril, quando voltava do trabalho, o marceneiro Cléber Moreira, de São Gonçalo, bateu o carro e o airbag foi acionado. Ele morreu na hora, com uma perfuração no tórax. Primeiro, suspeitou-se de homicídio, mas depois foi constatado que a causa foi a explosão do airbag.
Caso parecido com um de 2022, no Ceará. Um homem de 38 anos morreu ao volante com uma perfuração no pescoço. Ao chegarem no local, os socorristas achavam que a vítima tinha sido baleada e chamaram o Departamento de Homicídios que constatou que foi o sistema interno do carro que causou a morte.
As perícias apontaram que algumas das vítimas estavam a cerca de 30 km/h. Segundo especialistas em trânsito, é praticamente impossível morrer em um impacto com essa velocidade, se o condutor estiver de cinto de segurança.
No mundo, ao menos 30 mortes e 300 feridos estão relacionados à falha, de acordo com agência Reuters.
Dificuldade para fazer recall no DF
Motoristas do Distrito Federal que precisam fazer o recall por conta do airbag enfrentam dificuldades para trocar o equipamento. O servidor público Divalnei Vieira, morador do Guará, conta que o seu carro está estacionado há 45 dias depois de ter sido notificado para trocar o airbag.
“Eu recebi a informação de que não tem a peça de reposição pra fazer a troca, que meu nome está numa lista de espera, que eles estão aguardando uma chegada de 20 peças pra o conserto, e que não tem previsão de chegada dessas peças”, diz Divalnei Vieira.
A moradora de Ceilândia Camila do Nascimento descobriu há uma semana que precisa trocar o airbag. Ela ligou para a concessionária para agendar o serviço, mas recebeu a informação de que a peça está em falta.
“Eles me informaram que está sem peça em estoque ,e que o prazo é de 20 dias pra poder chegar. Então, a gente fica super preocupada em relação a isso, de saber que tem algum defeito, um item de segurança do carro. Eu continuo usando o carro, mas com muito mais cuidado”, diz Camila do Nascimento.
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