Leilões públicos e privados costumam ter preços bem abaixo da tabela e podem ser uma boa oportunidade para trocar de carro, mas há pontos de atenção para que o comprador faça uma boa escolha. Veja dicas. Civic LXL de 2003 está no leilão do Detran-SP tem lance inicial de R$ 7 mil
reprodução/Detran-SP
O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) divulgou a agenda de próximos leilões de carros e motos, com lances iniciando em R$ 700.
Ao todo serão três leilões espalhados pelo interior paulista, sendo um em Pederneiras, outro dividido entre Itapecerica da Serra e Juquitiba, com o último marcado para acontecer em Guarulhos.
Pederneiras
Começando pelo leilão com data mais próxima, o de Pederneiras acontecerá no dia 24 de setembro e conta com 324 carros e motos disponíveis, sendo:
142 carros aptos a circular;
76 sucatas com motor ainda podendo ser aproveitado;
72 sucatas com motor condenado, mas podendo servir como peças sobressalentes para outros veículos;
34 sucatas para fundição e reciclagem.
Segundo o edital do leilão, um carro apto a circular significa que ele pode retornar a andar em via pública, ficando o comprador responsável pelo registro do veículo perante o órgão ou entidade executivo de trânsito, com o pagamento das respectivas taxas.
O Detran-SP não é responsável pelas peças e afirma que o comprador já está ciente da situação mecânica do veículo, não aceitando posteriores reclamações.
Neste primeiro leilão, o carro mais barato e apto a circulação é um Gol de 1987, com lance inicial em R$ 1.800. Já a moto mais em conta é uma Sundown Web 100, ano 2007, com lance partindo de R$ 700.
Itapecerica da Serra e Juquitiba
Já o segundo leilão acontece a partir do dia 1° de outubro, tem 1.944 carros e motos, com:
625 carros aptos a circular;
827 sucatas com motor ainda podendo ser aproveitado;
416 sucatas com motor condenado, mas podendo servir como peças sobressalentes para outros veículos;
76 sucatas para fundição e reciclagem.
Neste, o carro apto mais barato é um Celta de 2004 com preço partindo de R$ 1.700. Já a moto mais em conta é uma Dafra Apache RTR 150, com lance inicial em R$ 1.300.
Guarulhos
O último dos leilões acontecerá em Guarulhos e tem os carros e motos mais caros dos três divulgados pelo Detran-SP. Ele começa em 14 de outubro, comporta 1.335 veículos em todos os estados de conservação, incluindo:
79 carros aptos a circular;
1.053 sucatas com motor ainda podendo ser aproveitado;
171 sucatas com motor condenado, mas podendo servir como peças sobressalentes para outros veículos;
32 sucatas para fundição e reciclagem.
Neste leilão em Guarulhos, a moto mais barata é uma Honda CG 150 de 2015, custando a partir de R$ 2.600. Já o carro mais econômico é uma picape Chevrolet Montana Conquest, de 2008 e com lance inicial de R$ 5 mil.
Há também um Porsche Cayene S, de 2012, por R$ 60 mil.
Porsche Cayenne S de 2012 está no leilão do Detran-SP com preço inicial de R$ 60 mil
reprodução/Detran-SP
Para os três leilões, veja outros destaques:
Mercedes-Benz B200 CGI 2013
Lance inicial: R$ 21.250
Audi A4 1.8T 2002
Lance inicial: 10.000
Honda Civic LXL 2003
Lance inicial: R$ 7.000
BMW 550i 2008
Lance inicial R$ 33.000
Toyota Corolla XLI Flex 2010
Lance inicial: R$ 20.000
Dodge Journey 2012
Lance inicial: R$ 15.000
BMW 320i 2012
Lance inicial: R$ 20.000
Honda Civic EX 2001
Lance inicial: R$ 8.000
Porsche Cayenne S 2012
Lance inicial: R$ 60.000
Honda Civic LXS 2010
Lance inicial: 14.000
Cada leilão conta com até quatro dias de duração, sendo que o primeiro deles é reservado para veículos aptos a circulação. O lance mínimo é o valor de partida para as ofertas.
A avaliação estimada para cada veículo é calculada com base nos valores praticados pelo mercado e no estado de conservação da unidade.
Os leilões são abertos a todas as pessoas e empresas, mas são vedadas as participações de:
Servidores do Detran-SP e parentes de servidores até o segundo grau;
Leiloeiro, seus parentes até segundo grau e membros de sua equipe de trabalho;
Proprietários, sócios e/ou administradores dos pátios terceirizados, licitados ou conveniados onde se encontram custodiados os veículos, seus parentes até segundo grau e os membros da equipe de trabalho;
Pessoas físicas e jurídicas impedidas de licitar e contratar com a administração, sancionadas com as penas previstas nos incisos III e IV do art. 156 da Lei federal nº 14.133, de 2021 ou, ainda, no art. 7º da Lei federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002.
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Como funcionam os leilões
Veja dicas para participar de leilões
Como em qualquer leilão, é preciso analisar minuciosamente cada item para saber qual faz sentido na sua garagem. Para te ajudar, o g1 reuniu as principais dicas e as opiniões de especialistas para que você tome a melhor decisão.
Existem dois tipos de leilões: os particulares e os públicos. A primeira pergunta que o consumidor pode se fazer é: de onde vêm esses veículos?
Os leilões públicos costumam ofertar modelos que foram apreendidos ou abandonados. De acordo com Otávio Massa, advogado tributarista, esses veículos têm origem em operações de fiscalização aduaneira e foram retidos por questões legais, fiscais ou por abandono em recintos alfandegados.
Existem também os carros inservíveis de órgãos públicos, como os que já não têm mais utilidade para o propósito governamental e são vendidos para reutilização ou como sucata.
“Os veículos são vendidos no estado em que se encontram, sem garantias quanto ao seu funcionamento ou condições, e o arrematante assume todos os riscos”, explica o tributarista.
Em meio aos riscos, há excelentes preços. Porém, existe um passo a passo para verificar o estado do carro, que vamos falar adiante.
Diferentemente das revendas oficiais ou multimarca, não é oferecida uma garantia para o produto. É nesse momento que o consumidor tem que ligar o alerta: produtos de leilões particulares podem ter garantia para apenas alguns itens. Os públicos, por sua vez, não têm garantia.
Por isso, é importante checar se é possível fazer uma vistoria presencial no modelo antes de pensar no primeiro lance.
Luciana Félix, que é especialista em mecânica de automóveis e gestora da Na Oficina em Belo Horizonte, lembra ainda que a burocracia pode ser um grande empecilho para o uso do item leiloado. Um exemplo que ela cita é o de um carro aprendido, que pode ter problemas na documentação.
“Esses carros já vêm com burocracias devido ao seu histórico. (…) Às vezes, são carros que necessitam de uma assistência jurídica. Você tem que contratar um advogado para fazer toda a baixa dessa papelada”, alega a especialista.
Leilões particulares
De acordo com a especialista em mecânica automotiva Luciana Félix a maioria dos pregões particulares oferece carros de seguradoras (geralmente de sinistros, com perdas totais ou parciais), de locadoras, e de empresas com pequena frota, que colocam a antiga para leilão quando precisam fazer a substituição.
Simplificando o conceito:
🔒Leilões particulares: frotas de empresas, devoluções de leasing, de seguradoras
🦁Leilões da Receita Federal: apreendidos, confiscados ou abandonados.
Tipo de compra
Segundo Ronaldo Fernandes, especialista em Leilões da SUIV, empresa que possui um banco de dados de peças automotivas, é fundamental entender que existem duas maneiras de adquirir automóveis ofertados em leilões: para restaurar ou utilização; e aqueles voltados exclusivamente para empresas de desmanche legal.
“Não há um tipo específico de veículos que vai a leilão, mas é muito importante verificar qual o tipo de venda que está sendo oferecida para o veículo de interesse, pois alguns veículos poderão circular normalmente e outros servirão somente para desmonte ou reciclagem devido à sua origem”, afirma Fernandes.
Nos casos em que os carros são vendidos para desmanches, a origem deles se dá por conta do tamanho do sinistro. “Dependendo do tamanho do sinistro, o automóvel só poderá ser vendido como sucata, ou seja, sem documentação para rodar novamente”, afirma Fernandes.
Critérios para venda
Segundo o advogado tributarista Otávio Massa, os critérios para que um carro vá a leilão incluem:
Valor comercial: veículos com valor residual significativo que justifique a venda;
Condição recuperável: mesmo que parcialmente danificados, se ainda tiverem peças reutilizáveis ou puderem ser reparados;
Procedimento legal: veículos apreendidos ou abandonados que legalmente devem ser vendidos em leilão público.
Resumindo, o que define se um veículo vai ser leiloado é o quanto ele ainda pode despertar o interesse financeiro de novos compradores. Thiago da Mata, CEO da plataforma Kwara, afirma que é feita uma avaliação prévia para determinar o valor a ser cobrado.
“Normalmente, ativos que possuem débitos superiores ao seu valor de mercado são considerados sucata e vão para descarte. Da mesma forma, veículos cujo estado de conservação seja muito crítico podem ter o mesmo destino para que possam ser aproveitadas as peças”, argumenta.
Otávio Massa corrobora com a visão de da Mata ao afirmar que “não há uma porcentagem mínima específica estabelecida por lei, mas o critério principal é se o veículo tem valor comercial residual. Veículos sem valor ou severamente danificados podem ser descartados”.
Carros, caminhões, ônibus e outros modelos destinados a desmanche têm seus respectivos números de chassis cancelados. É como se o automóvel deixasse de existir.
Prudência e dinheiro no bolso
De acordo com Thiago da Mata, da Kwara, inspecionar o veículo é de suma importância. Afinal, os carros podem ter distintos estados de conservação, o que tem que entrar na lista de preocupações de quem participa de um pregão.
“[Os veículos] podem tanto estar em bom estado de conservação, como também é possível que tenham ficado em pátio público durante um período de tempo importante”, afirma.
Os carros podem ter marcas provocadas pelo período em que ficaram expostos ao clima: pintura queimada, oxidação da lataria, manchas provocadas pela incidência solar. E esses reparos também precisam entrar no planejamento financeiro do comprador.
Idealmente, a inspeção deve ser feita de forma presencial, segundo os especialistas consultados nesta reportagem.
Ao verificar um carro, por exemplo, é preciso verificar tudo: bancos, painéis de porta, console central, volante, conferir os equipamentos, a quilometragem, ligar o carro, abrir o capô, checar a existência de bateria de 12V e, se possível, levar um especialista ou mecânico de confiança para checar as partes técnicas e prever possíveis custos extras com manutenção.
Luciana Félix, que é especialista em manutenção, diz que o consumidor precisa ver até o histórico de manutenção, se possível. E documentar tudo com fotos.
“Comprar carros em leilão é tipo um investimento de risco, você pode se dar muito bem ou muito mal, pois você não poderá andar com o carro para saber como está o seu motor ou câmbio, pois todos os veículos estão lacrados”, argumenta a proprietária da Na Oficina.
É importante ressaltar que essa é a mesma verificação que se faz ao comprar um automóvel usado, seja presencial ou via marketplace: deve ser feita uma avaliação técnica, além de checagem da quilometragem rodada e documentação do ativo.
“Importante que seja feita a verificação de débitos ou algum tipo de bloqueio para venda, pois a responsabilidade por estes pagamentos pode ser diferente de leilão para leilão. Estas informações devem estar presentes no Edital, que deve ser lido com atenção antes que qualquer lance seja dado”, alerta Thiago da Mata, da Kwara.
Quando a compra é feita pela internet e não existe a possibilidade de visitar o produto, é indicado solicitar uma vídeo-chamada para fazer essa inspeção. Não é o ideal, mas já ajuda a verificar o estado do carro, mesmo que seja à distância.
O que verificar:
Documentação: incongruências jurídicas;
Custos para regularização;
Estado de conservação do carro;
Custos para restauro;
Condições de compra;
Inspeção mecânica e de equipamentos.
Assim, se você vai participar de um leilão pela primeira vez, atente-se para os seguintes passos.
Estude: leia o edital e entenda as regras do leilão;
Verifique a procedência: se certifique que o veículo não tem pendências legais;
Defina um orçamento: estabeleça um limite máximo de gastos;
Inspecione: se possível, veja o veículo pessoalmente ou solicite um relatório detalhado;
Experiência: participe de leilões menores para entender a lógica de funcionamento.
▶️ LEMBRE-SE: Utilize apenas canais oficiais para se comunicar com o leiloeiro e verifique sempre a autenticidade das mensagens. Evitar fraudes já é um bom começo.